Sonhos e Pensamentos

Em que longe abismo ou céu do olho o fogo te acendeu? Com que asas se atreve a voar? Que mão ousa o sol pegar? (william Blake)

terça-feira, setembro 27, 2005

Talyta

De passagem e rumo ao desconhecido.

Me acompanhas?

terça-feira, setembro 13, 2005

Desmanchando

Ando me esgueirando por trás de galhos e árvores a fim de me esconder, não sei bem ao certo de quem ou de que, mas quem sabe?
Por baixo das copas não vejo raios, nem céu, nem bichos, os meus bichos. A tempestade não passa e vem em pingos grossos e me vara. Está tudo errado, ou a errada sou eu?
Entre vociferações e uma xícara de café, entre o não e o poço vejo escapar o que nunca existiu ou talvez sim apenas pra mim.
O que se vê no reflexo é distorcido limitado.
Um pássaro de madeira e bico longo me acompanha.
Ó único.
Entre palavras tortas me derreto, me esqueço, me escorraço, assim exatamente.
Me acho em metáforas, me fecho em metáforas e me perco, nessa ordem.
Tateio a escuridão com os pés, busco o palpável e sinto apenas o visco de dias afiados que me cortam as mãos e sangram, um sangue lívido e gelo.
Assim sigo, nem um passo à frente nem um passo à trás.
Me desfaço e me embaço. Assim exatamente.

terça-feira, setembro 06, 2005

A Terra Prometida

Aonde será esse lugar? Eu quero ir pra lá.

Poder dormir
Poder morar
Poder sair
Poder chegar
Poder viver
Bem devagar
E depois de partir poder voltar
E dizer: este aqui é o meu lugar
E poder assistir ao entardecer
E saber que vai ver o sol raiar
E ter amor e dar amor
E receber amor até não poder mais
E sem querer nenhum poder
Poder viver feliz pra se morrer em paz

(Vinicius de Moraes / Toquinho)

sábado, setembro 03, 2005

O Trem

Hoje, de repente não amanheceu o dia. Tá tão frio. Chove. Meu corpo úmido. Preciso de ar, de água, de colo. Minha dor é sem cor, sem nome, sem gosto. Não tolero minha companhia. Não suporto mais a espera, vou sucumbindo a meus devaneios, minha última quimera.
Será que é melhor a partida? O regresso? Tantas dúvidas.
E agora? Era tão doce, palavras tão lindas. Não queria voltar.
Cadê? Para onde foi? Partiu assim, sem dizer tchau, sem dizer adeus...sem dizer. Sumiu no tempo. Falou que um dia vinha, falou que sonhava, falou que pensava, falou que perseguia, falou que desejava, falou sim. Eu esperava, esperava? Passado? Agora fico a olhar de longe, a escutar atrás da porta, a pensar. Ah se pudesse ir pra longe para um mundo com dragões, luzes e elfos, ora preto e branco, ora colorido.
Pegarei um trem, e se pegar, veja bem, não vou mais voltar.

quinta-feira, setembro 01, 2005

A Verdade

Onde encontrarei minha verdade?
Debaixo dos meus escombros ando em paralelo com meus maniqueísmos e paradoxos.
O tédio transpira pelos meus poros, minha vida escorre pelos meus dedos. Há dúvida, há espera. Perco-me nos dias vazios, no nada, no encalço de alguém que venha me tirar dessa mediocridade que me consome. Trás-me luz. Preciso tanto.
Vem, me toma de assalto, me zera, me recria em ti, me reinventa nos teus sentidos, nas tuas dores, me soletra, me decifra, pois eu mesmo não consigo. Perante teus olhos, me eternizarei na lascívia dos teus beijos ainda não conhecidos. Tira esse visco que impregna meu corpo, me repassa comigo. Com você eu consigo. Quando digo que não, é quando mais preciso, mais preciso de ti.